O Outubro Rosa é uma campanha mundial de conscientização sobre o câncer de mama, o tumor maligno que mais acomete mulheres no Brasil e no mundo. Aproximadamente 2,2 milhões de novos casos foram estimados em todo o mundo (www.gco.iarc.fr) para o ano de 2020 e, para o Brasil, 66.280 novos casos em 2021(www.inca.gov.br/estimativa/estado-capital/brasil). O câncer de mama também é a primeira causa de mortalidade por câncer no nosso país, com taxa ajustada de 14,23/100 mil para 2019. A alta mortalidade está relacionada ao diagnóstico da doença em estágio avançado o que, entre 2015 e 2021, representou 42% dos casos de câncer de mama no Brasil (www.panoramacancerdemama.com.br). Isto reforça a importância do rastreamento adequado e das estratégias de redução de risco.

Cerca de 10% dos casos de câncer de mama são hereditários. O câncer hereditário está associado a alterações genéticas herdadas do pai ou da mãe que determinam uma predisposição ao desenvolvimento da doença. No caso do câncer de mama hereditário, estas alterações podem estar presentes em genes como BRCA1, BRCA2, ATM, PALB2, TP53, CHEK2, RAD51C, RAD51D, dentre outros. 

Devem ser encaminhadas para aconselhamento genético e avaliação molecular de câncer de mama hereditário pacientes com:

• Idade ≤50 anos ao diagnóstico de câncer de mama (independentemente da história familiar de câncer);
• Câncer de mama triplo negativo (independente de outros critérios);
• Múltiplos tumores;
• História pessoal de câncer de mama e história familiar de pelo menos 1 parente com câncer de mama ≤50 anos, ou ovário, ou pâncreas, ou próstata;
• Câncer de mama precoce de alto risco ou câncer de mama metastático;
• Pacientes sem diagnóstico de câncer mas com história familiar da doença.

Diante da confirmação molecular (no teste genético) da predisposição hereditária ao câncer de mama, além das orientações gerais de manter o peso corporal saudável, praticar atividade física regularmente, evitar bebidas alcoólicas e estimular a amamentação, todo o cuidado médico é ajustado para tornar-se proporcional ao alto risco de cada paciente. Estratégias como quimioprofilaxia ou cirurgias redutoras de risco podem ser adequadas em cenários específicos, assim como a intensificação do rastreamento. Enquanto que, para a população geral, a mamografia anual é recomendada a partir dos 40 anos, na população com predisposição hereditária ao câncer de mama o rastreamento deve ser iniciado mais precocemente (aos 25 anos) e incorpora tecnologias como a ressonância nuclear magnética das mamas com contraste anual. Os protocolos adotados podem permitir o diagnóstico precoce e até a prevenção do câncer.

Procure seu médico. Realize sua avaliação oncogenética.